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A magnífica Rua das Árvores da Figueira da Foz

A Rua da Liberdade, que os figueirenses apelidam como a sugestiva e incontestável Rua das Árvores, é uma importante artéria da cidade da Figueira da Foz, e simultaneamente das mais apreciadas, emprestando agradáveis e subtis sensações ao longo de todo o seu percurso pedonal.


Sugerimos assim, caro leitor, que dê descanso ao seu veículo (junto ao Coliseu Figueirense será um bom espaço para isso), e se aproxime do topo norte da “Liberdade”, que outrora ostentou o nome de Rua da Inauguração, ela que marcava de forma inequívoca o novíssimo Bairro de Santa Catharina (1869), hoje mais conhecido como o Bairro Novo.

Antes de iniciarmos a caminhada – pouco menos de 500 metros – demore-se um pouco no atarefado cruzamento que marca o nosso ponto de partida. Se estender o olhar a norte, alcançará o inconfundível recorte da Serra da Boa Viagem; e assim que chegarmos ao final da rua, vai poder vislumbrar a chegada do Mondego ao Atlântico e boa parte da costa sul do concelho.
É apenas uma das muitas singularidades da Rua das Árvores.

As esquinas do cruzamento norte da rua oferecem ainda dois estabelecimentos dignos de nota. Entre a Rua Luís Carriço e a Rua da Fonte, os irmãos Alexandre e Rui governam com extrema simpatia o Talho da Fonte, uma verdadeira fonte de boa carne e melhor disposição (“Isto chega para o almoço??”).
Na esquina oposta, Li é cara principal de uma pequena mercearia de bairro, carregada de óptimos exemplares frutícolas durante todo o ano, de que já falámos no artigo Onde fazer as suas compras de mercado na Figueira da Foz.

Podemos agora iniciar o nosso passeio.
Afinal não! É quase impossível escapar à obra de arte que dobra, literalmente, a esquina da Rua da Fonte com a “nossa” Rua das Árvores: aqui mora um belo exemplar – Stranger Things, de Gonçalo Mar – de um dos muitos apontamentos de Arte Urbana que a Figueira da Foz tem vindo a receber desde há cerca de uma década a esta parte.


Do lado oposto da rua, o Studio Cento e Onze marca o local com extremo bom gosto, num moderno cabeleireiro, que alia a arte do corte e penteado com serviços de tatuagens e body piercing.

Agora sim, iniciamos o percurso rua abaixo.
Rapidamente dará conta que as árvores adornam graciosamente a paisagem urbana, de ambos os passeios da rua. Encontra, acima de tudo, plátanos, enquanto alguns Acers assinalam igualmente a sua presença, de forma mais modesta.


Exercite o pescoço. Atente nos contrastes entre a folhagem das árvores e os belíssimos edifícios que de há umas temporadas a esta parte vão retomando a sua integridade estética, fruto de uma política de reabilitação urbana digna de registo.

Seguindo o nosso caminho rumo a sul, do lado esquerdo encontramos o peculiar e belo Puzzle Suites B&B (classificação Booking 9,2), alojamento local inserido num edifício secular. Lá dentro vai descobrir “uma das mais seletivas coleções de puzzles do mundo”. O MeetFigueira encontrou um testemunho que promete boas experiências

 “Várias opções para o pequeno-almoço. Boa localização do alojamento, perto de restaurantes e da praia do relógio. Gostei muito da decoração do hotel. Fomos muito bem recebidos pelo sr. Pedro, simpatia e disponibilidade para qualquer necessidade.”

A Rua das Árvores rasga o turístico Bairro Novo em toda a sua extensão, revelando-se perfeita para escancarar as suas montras ao transeunte. À medida que descemos a rua, encontramos novos espaços comerciais que merecem a nossa menção.
Na esquina com a Maestro David de Sousa – rua que desagua na Praia do Relógio e que funciona como “meio caminho andado” para aceder aos hotéis Sweet Atlantic, Mercure e Universal Boutique Hotel – encontra-se a Cassata, outrora uma gelataria bastante frequentada, que se especializa hoje na pastelaria decorativa.
Uma dúzia de passos ao lado, a cafetaria A Pharmácia descobriu o seu lugar no coração de um público mais maduro, que procura a tranquilidade de um espaço que combina na perfeição um interior resguardado e confortável, com uma esplanada simples mas funcional.


O seu vizinho Baya & Co, loja de açaí, vai aos poucos conquistado a frequência de um público jovem, que ali marca encontro, ao sabor de pequenas e saudáveis refeições.


No cruzamento com a Rua Dr. Calado, casa do elegante Hotel Wellington e das pifas e seu Pifo, Coloquial Petisqueira do Bairro, num espaço outrora ocupado pelo icónico Bazar 101, há uma nova concept storeArt – que executa consultoria de imagem e estilo.


As ofertas continuam, ora em forma de loja self-service 24h – Spot24h – para aflições de circunstância, ora numa casa de artigos para bebé (Poti Poti), ou apelando ao olfato, no caso da Balvera Perfumarias.

Antes, o bar Fify-Two, que já foi aqui alvo de nossa atenção, destaca-se no ofício de estimular convívios em torno de um copo de vinho.

É altura, pois, de alcançar a Cândido dos Reis, que corre esbelta desde o Jardim Municipal até se encontrar com a nossa Rua das Árvores. Para aqui chegar, marcou antes encontro com o Casino Figueira e toda a zona pedonal do denominado Picadeiro, ground zero da animação noturna (Havanesa, Anarkia Pub, The Fogg Pub), com passagem gastronómica pelas óptimas pizzas da Pizzaria Luzzo ou pelos pregos e carnes maturadas da Pregaria do Bairro, e pelas virtuosas incursões na moda do Plano B.

Antes de perseguirmos para sul, adicionamos justa referência ao nosso histórico amigo Restaurante Bijou, que teima em servir magníficas refeições, e à sempre prestável Sandra Mortágua, com a sua Throttleman.
Referir que, em bom inglês, there are new barbers in town! De seus nomes, Barber Club 31 e Barbeiro Bravo, vizinhos de uma outra Tattoo Studio, a Actilus.

Mesmo em frente, se observar com atenção, encontrará belíssimos pormenores de Arte Nova. O edifício do Hotel Ibis regista um magnífico exemplar, apresentando coloridos desenhos em forma de azulejo e apontamentos de ferro fundido nas varandas, tão característicos da Belle Époque.

Antes de finalizarmos a descida, do lado oposto, o nº3, com exemplar renovação recente, mostra-se à rua, também como espécie de eleição e apreciação na Rota da Arte Nova da Figueira da Foz.

Regista-se ainda com agrado a presença da galeria O Rastro, acolhendo importantes obras de jovens e consagrados artistas portugueses, de que já falámos aqui, e que merece sem dúvida uma visita mais cuidada.

Caminhamos lentamente para o final da nossa jornada, repleta de apontamentos válidos, justificando, aqui ou ali, paragens mais demoradas. Não deixaremos de alertar que várias árvores têm sido “engolidas” em nome de um eventual progresso. Urge inverter a tendência, plantando mais que cortando. A Rua das Árvores deverá representar perante o espaço público esse inquestionável exemplo de sustentabilidade urbana.

Celebremos a triunfante chegada à meta, amparada pelo Tennis Club Figueira da Foz, e perdendo o olhar no Mondego, que corre tranquilo a caminho do mar. Ao fundo, avistam-se as praias do Cabedelo e do Cabedelinho.

Seguindo para a esquerda, ganhará uma visita grátis ao Mercado Municipal e Jardim Municipal. Para a direita, encontrará a imponente Esplanada Silva Guimarães e todo o largo calçadão, tão propício a passeios da Figueira até Buarcos, usando o pé ou a bicicleta (há Figas prontas a montar mesmo ao lado da Torre do Relógio).

Antes da despedida da Rua das Árvores, recomendamos um rápido olhar, para a esquerda e para a direita. Perceberá que não haveria melhor homenagem, que dois grandiosos exemplares de Auracárias, sinalizando orgulhosamente uma das mais icónicas e refrescantes ruas da Figueira da Foz.