Vêm de todos os pontos do concelho. Unem-se uma vez por semana no evento Quartas com mapa e durante aproximadamente duas horas deixam para trás arrelias, preocupações, horas de trabalho, e atiram-se de vivas vontades para uma atividade que mistura desporto, convívio e descoberta. E muita orientação.
O Quartas com mapa é um evento organizado pela Associação Desportiva do Mondego (ADM), nascida em 2014 da paixão pelo desporto em geral e com a modalidade da Orientação como foco particular. Existe desde 2017 e está integrado no programa do Município da Figueira da Foz Desporto para Todos, que durante os meses de verão proporciona a todos os cidadãos a oportunidade de experimentar um alargado conjunto de modalidades.
Especificamente, o Quartos com Mapa tem como objetivo dar a conhecer aos figueirenses a Orientação.

Mas afinal o que é isto da Orientação? Não vamos inventar a roda e bebamos a informação da fonte do site da ADM :
“A orientação é um desporto ao ar livre emocionante e desafiador que exercita a mente e o corpo. O objetivo é navegar entre os pontos de controlo marcados num mapa de orientação. Na vertente de competição, o desafio é concluir o percurso o mais rápido possível, escolhendo as melhores opções.”
Feitas as apresentações, passemos ao evento em si.
Os participantes chegam em família, em grupos de amigos, aos pares. Quem vem sozinho é rapidamente integrado. A orientação, não há que enganar, é mesmo uma modalidade 100% inclusiva. Não há limite de idades, nem alturas e pesos mais ou menos adequados É vê-los de contagiante boa disposição, desde a criança de mais tenra idade ao mais adorável avozinho.

Não existe uma obrigatoriedade de se fazerem os percursos em corrida apressada, embora haja quem leve a competição muito a sério. O passo de caracol é permitido, a conversa é uma constante, há desafios e objetivos a toda a hora, e não se vislumbra qualquer VAR a interromper corridas em busca de uma suposta irregularidade no picar o ponto. Antes da partida (não existe uma ordem, o tempo é contado para cada um, iniciando-se quando se marca o primeiro ponto), existe uma espécie de check-in onde se distribuem os mapas – há-os para todos os gostos, como as t-shirts, dos curtos aos extra-longos – e os dispositivos eletrónicos que permitem assinalar a passagem pelos pontos definidos por cada percurso. E depois? Depois é partir e usufruir.

De mapa na mão, passo apressado, o ponto seguinte torna-se o de repente o círculo mais importante do universo. Não há volta a dar: mesmo quem parte em grupo, não abdica de vencer o mapa. Há famílias inteiras em competição com elas próprias, crianças em saudáveis picardias, cruzamentos e encontros de sentido inverso. Como na vida, há desilusões e enganos. Mas aqui ninguém desiste. Corrigidos os caminhos que vão dar ao Ponto D’Ori – a sinalética onde se pica o ponto -, antes de seguir para o objetivo seguinte, a malta segue triunfante, de sorriso estendido, livre de preocupações, numa constante (re)descoberta de novos lugares. A Orientação, que privilegia o contacto com a natureza mas que não deixa de construir o seu lado citadino, tem esse condão de nos aproximar dos sítios que noutros dias nos parecem estranhos ou despercebidos. Mas o ponto seguinte do mapa encarrega-se de colocar tudo no devido lugar.

As Quartas-feiras com Mapa acontecem semanalmente em pontos diferentes do concelho, de 15 de Maio a 15 de Setembro, e exigem inscrição antecipada no site da ADM. O número de inscritos não deixa de surpreender, mas quem participa passa a entender o porquê. Hoje foram 99. “Não cansa ver a felicidade estampada na face de cada um, passando de um ponto para outro, até ao passo final”, conta-nos a Susana, presidente da ADM. Nós comprovámos.
Seja para o figueirense ou para quem está de visita à Figueira da Foz, esta quarta-feira com mapa é uma experiência que não deve deixar passar. Para fazer com o filho, a mãe, a tia, o avô ou o seu melhor amigo.
















