O Dia do Armistício, 11 de novembro de 1918, comemora o fim da 1ª Guerra Mundial, a assinatura de um Tratado de Paz entre os Aliados e o Império Alemão, em Compiègne, em França. Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos e mais de 20 milhões ficaram mutilados. Foi o 6º conflito mais mortal na história da humanidade.
Portugal participou declaradamente nesta Grande Guerra a partir de 1917, em França, ainda que a partir de 1914 tenham ocorrido combates em Angola e Moçambique, igualmente contra as tropas alemãs. Portugal enviou um total de 105.542 militares, mais de 18.000 para Angola, cerca de 30.000 para Moçambique e mais de 56.000 para França. Os soldados portugueses lutaram com bravura em Angola de 1914 a 1915, em Moçambique de 1914 a 1918, e em França de 1917 a 1918.
No dia 9 de abril de 1918 ocorreu a Batalha de La Lys, a mais sangrenta das batalhas, em França, na Flandres. Em 4 horas de luta, morreram 7.760 militares portugueses, 16.000 ficaram feridos e mais de 13.000 ficaram prisioneiros e desaparecidos. Uma tragédia para milhares de famílias portuguesas, uma tragédia idêntica à que aconteceu durante 13 longos anos de guerra colonial (1961-1974), na qual morreram 8.289 militares, e só comparável à batalha de Alcácer Quibir em 1578 onde cerca de 7.000 portugueses morreram e aproximadamente 15.000 foram capturados e vendidos como escravos.
Em março de 1919 regressaram a Portugal os últimos expedicionários portugueses, alguns feitos prisioneiros durante a guerra, doentes e estropiados, com saudades da família e da sua terra natal. Todos foram heróis, os que morreram e os que sobreviveram, e o “figueirense” António Gonçalves Curado foi só o primeiro soldado português a tombar.
Em glória dos mortos da 1ª Grande Guerra foi erigido no ano de 1928 um monumento no Largo Luís de Camões e, bem próximo, foi inaugurado no dia 3 de abril de 1932 um monumento de homenagem a António Gonçalves Curado (n.r. em frente ao Quartel da GNR, que lembra o soldado António Curado, o primeiro militar português a morrer na guerra de 1914-1918.).
O monumento aos Mortos da 1ª Grande Guerra foi projetado por António Augusto Gonçalves e foi inaugurado em 9 de setembro de 1928 com a presença do então presidente da República Portuguesa, General Óscar Carmona, que presidiu à cerimónia.
A Comissão Administrativa municipal, então liderada por Abel de Vasconcelos Gonçalves e tendo como vogais Argel de Melo, Mário Barraca e outros, deliberou em 2 de agosto de 1928 consignar no 1º orçamento suplementar uma verba de 10.000$00 para “ocorrer às despesas com a recepção do Presidente da República”.
Não obstante, Óscar Carmona ficou hospedado na habitação dos figueirenses Fernando da Costa Mendes (1891-1964) e esposa, valendo-lhes um voto de reconhecimento e louvor da Câmara em 12 de setembro de 1928, “pelo cativante agasalho e delicadas atenções com que acompanharam em sua casa o Ex.mo Presidente da República”. Fernando da Costa Mendes era filho de Henrique Gonçalves Mendes, fundador em 12 de março de 1891 da Sociedade Bancária Mendes, Irmãos & Comanditários, na Praça Nova, a qual se transformaria em 1918 na filial figueirense do Banco Nacional Ultramarino, instalada num edifício imponente já demolido.
Fernando da Costa Mendes, que sendo figura saliente após a ditadura instaurada em 28 de maio de 1926, presidente da União Nacional e da Associação Comercial figueirenses, sócio honorário da Naval 1º de Maio em 26 de abril de 1928, agente consular da França e gerente do BNU local, não deixou de perder quase toda a sua fortuna pessoal por atos de humanismo e generosos serviços prestados à comunidade figueirense.