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Conhecer o património arqueológico da Figueira da Foz: Dólmen das Carniçosas

O Dólmen das Carniçosas localiza-se na Serra das Alhadas, freguesia de Alhadas, concelho de Figueira da Foz. Faz parte de um conjunto de cerca de 20 monumentos que se distribuem pela Serra da Boa Viagem e Serra de Brenha, classificados como Monumento Nacional em 16 de junho de 1910.

O Dólmen das Carniçosas, descoberto e estudado pelo arqueólogo figueirense António dos Santos Rocha (1853 – 1910) no final do século XIX, é uma sepultura pré-histórica, com cerca de 6.000 anos, composta por átrio, corredor de acesso e câmara funerária. Do espólio encontrado destacam-se três pontas de seta, uma em osso, e dentes e ossos fragmentados localizados na mamoa.

Tem uma galeria que mede cerca de 4,50 metros de comprimento, formada por dois renques de lajes de mediana altura erguidas paralelamente e de uma sala ou câmara poligonal, de cerca de 3 metros de diâmetro, limitada a Norte por cinco lajes que se apoiam umas contra as outras, cujas dimensões são em média de 2,10 metros de altura, 1,30 metros de largura e 0,30 metros de espessura.

Recorda-se que a 6 de maio de 1894 foi inaugurado o Museu Municipal da Figueira da Foz, cuja criação se deveu à ação de um grupo de intelectuais figueirenses à frente dos quais se destacava António dos Santos Rocha, que foi o seu primeiro diretor.

Em 1898 o Dólmen das Carniçosas foi adquirido pela Sociedade Arqueológica da Figueira, que o protegeu com um muro com 3 metros de altura, infelizmente construído no cimo da mamoa (monte artificial de pedras e terras que é parte integrante do monumento).

A Sociedade Arqueológica da Figueira foi constituída em 1898 por António dos Santos Rocha, tendo sido eleito seu presidente na 1ª sessão plenária. Mais tarde, o nome desta agremiação mudou para Sociedade Arqueológica de Santos Rocha. António dos Santos Rocha morreu a 28 de março de 1910, três meses antes do Dólmen das Carniçosas ter passado a monumento nacional, objetivo pelo qual tanto tinha trabalhado.

Em setembro de 1930 este monumento foi visitado pelos membros do XV Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, reunida em Lisboa, tendo ali sido descerrada uma lápide comemorativa da visita e usado da palavra Mr. Louis Marin, ao tempo presidente de L’Institut Internacional d’Anthropologie.

Em 2001, em trabalhos promovidos pelo município, procedeu-se à valorização arqueológica do Dólmen das Carniçosas, à demolição do antigo muro de proteção e à conservação e restauro das estruturas, devolvendo-lhe alguma dignidade.

Em 2007 o Cabo Mondego foi classificado de Monumento Natural, havendo fortes expectativas de que o seu Geoparque Jurássico passe a Património Mundial da Unesco. Atualmente há 3 Monumentos Nacionais no concelho da Figueira da Foz: os Monumentos da Serra de Brenha (inclui o Dólmen das Carniçosas), o Pelourinho da Praça Velha e o Convento de Seiça.

AUTOR

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Fernando Curado

Natural do Alqueidão, Figueira da Foz, Fernando Curado é um engenheiro civil aposentado, especializado em engenharia sanitária. Esteve sempre ligado a entidades públicas. Atualmente reside em Beja. Há 10 anos, assumiu estudar a história da Figueira da Foz e divulgá-la de forma sintética. Já o faz desde 2015. E está só no início.