Viver a Figueira 12 meses por ano

Uma Jóia Gastronómica na Figueira da Foz para a Estação Outono-Inverno

Este artigo é especialmente dedicado a todos os que acham que a restauração é um ponto fraco da Figueira da Foz, «não há bons restaurantes», ouve-se por aí, «são poucos». Ora, uma das missões do MeetFigueira é provar que os críticos estão (cada vez mais) enganados e que a Figueira apresenta já um leque excelente de opções restaurativas, para todos os gostos e carteiras. Promovemos as gastronomias locais e, claro, os respetivos templos de culto pantagruélico, os estabelecimentos veteranos, mas também os muitos projetos novos que se têm vindo a impor no concelho. E hoje promovemos uma verdadeira catedral, se não em tamanho, pelo menos em qualidade, criatividade e simpatia.

Abriu já há cerca de um ano, mas ainda se mantém um dos segredos mais bem guardados da restauração figueirense, tendo vindo a crescer em prestígio mais pela força da sua qualidade do que do marketing. Falamos do Jóia, uma antiga taberna junto às muralhas de Buarcos, transformada num espaço acolhedor, com um ambiente familiar e cozinha de topo, que passa sem dúvida a integrar a lista dos melhores restaurantes da Figueira da Foz. A tradição casa com a sofisticação, nesta proposta de “fine dining” orgulhosamente português.

A casa foi fundada a 7 de fevereiro deste ano pelo Marco Santos e pela Mariana Pereira, que receberam o MeetFigueira para mostrar o valor desta jóia gastronómica. Com raízes na Serra da Estrela e o coração no litoral, este jovem casal investiu na Figueira da Foz, desenvolvendo um conceito de “fusão” entre culinárias de montanha e de mar, honrando os receituários e produtos tradicionais e primando na apresentação, no serviço e numa carta de vinhos abundante e de excelência.

O Marco, natural de Celorico da Beira, vem de uma linhagem de gastrónomos, o pai é empresário de restauração e cozinheiro há mais de 40 anos, três vezes Garfo de Ouro no mítico Escorropicha Ana e presentemente à frente da casa rural Cello Rico, também em Celorico, cresceu portanto entre panelas e manda na cozinha. A conimbricense Mariana é a mestre de bem receber e manda na sala, no design e na comunicação. Conheceram-se no curso de Restauração e Catering da Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia e têm trilhado juntos um caminho de vida e de trabalho. Depois de experiências profissionais no Porto ou na Comporta e de uma paragem forçada durante a pandemia, resolveram mudar de vida e levar para a frente o seu próprio projeto numa nova cidade.

Escolheram a Figueira da Foz porque já havia uma casa de férias de família, pela qualidade de vida e porque, apesar de serem do interior, o mar lhes faz muita falta. Em boa hora aqui arribaram e tem sido de facto uma história de sucesso, cujo segredo não tem grande segredo: «é sermos bons, primar pela qualidade e ter um serviço diferente, uma carta sempre renovada, mas o importante é ser bom, as pessoas vêm aqui porque a comida tem qualidade». Parece simples, mas traduz também um trabalho constante de atenção a tendências e novidades e, sobretudo, de estudo das culturas culinárias regionais portuguesas e de busca pelos melhores produtos e vinhos.

Na Figueira, Marco ainda passou pelo Marégrafo e pelo Olaias, mas cedo começaram a procurar um espaço próprio onde pudessem dar asas à criatividade. «Gostávamos de ter o nosso cunho, de trabalhar com os produtos que gostamos, começámos a ver e apareceu este espaço, era uma tasca mas já tinha sido remodelada e mantivemos um pouco esse espírito e grande parte da decoração, acrescentando os nossos toques», reinventando uma casa já com longo historial de culto gastronómico popular (antigo café Dominó).

O nome Jóia surgiu, esclarece o chef, «porque esta é a nossa pedra preciosa, o nosso primeiro espaço, e depois porque não existe mais nenhum em Portugal, só Jóia». Já o conceito, explicam, «é o de cozinha de autor, sempre com sabores mais tradicionais, gostamos de cozinha tradicional, sabores fortes, comida intensa, associada também à Serra da Estrela, comida de conforto mas apresentada de forma diferente, também trabalhar produtos diferentes e fazer combinações diferentes e improváveis, mas a ideia principal é termos um espaço acolhedor e familiar, mas também com um serviço diferente, mais fine dining, digamos assim, mais refinado».

A propósito de combinações, como já se viu a equipa Jóia tem a paixão dos sabores tradicionais portugueses e nem tudo é comida robusta de montanha por aqui. Produtos como o arroz, os legumes, a fruta e o sal são de origem local e o receituário litoral também tem aqui papel de destaque, bem como o Bolo das Alhadas, que também usam de forma criativa para rabanadas. O arroz de sardinha, esse ícone da gastronomia figueirense, de resto, foi um dos pratos em destaque na carta de Verão.

Os menus do Jóia mudam com a estação, aqui trabalham-se produtos frescos de época e as propostas acompanham as gastronomias tradicionais sazonais. Hoje, dia 11, celebra-se o São Martinho também no Jóia e o cliente pode esperar um “mimo” de castanhas e jerupiga caseira, mas toda esta carta é inspirada na época Outono/Inverno e o destaque durante os próximos meses serão produtos como a castanha, a romã, o marmelo e sucedâneos como a bela da geleia, o cogumelo selvagem, a caça como (a não perder a perdiz), o Queijo da Serra, o diospiro ou pratos inovadores como a enguia fumada com requeijão e beterraba, que é um “must” do Jóia.

Da mesma forma, também aconselhamos vivamente a Urtigueira, magnífico enchido oriundo de uma unidade artesanal de Fornos de Algodres, que aos leigos se explica como sendo uma espécie de farinheira com urtigas. E muitas outras iguarias deliciosas, sobretudo na vasta lista de generosas entradas e criativas sobremesas, que muitas vezes dispensam os pratos principais.

Em suma e em verdade, temos aqui mais uma paragem obrigatória para os amantes de bem comer, um projeto que valoriza o que é nosso e que prima por uma espécie de originalidade na continuidade. Embora na época fria não se esperem enchentes, sendo a sala relativamente pequena, aconselhamos a reservar antes de aparecer. Resta referir que só serve jantares e aceita eventos privados. E, claro, desejar as maiores felicidades a este projeto que muito valoriza o panorama dos restaurantes na Figueira da Foz: que esta jóia continue a brilhar por muitos anos!


CONTACTOS

Travessa Major Soares Correia nº 2, Buarcos
936 204 335
joiarestauranteffoz@gmail.com
instagram.com/joia.restaurante


Carta de Outono/Inverno do Jóia. “Refined Portuguese Kitchen” na Figueira da Foz