A Igreja de São Pedro situa-se no Largo de São Pedro, em Buarcos. Não se conhece a data de construção desta Igreja, mas sabe-se que já existia em 1500, ano em que se separou da tutela da Matriz da Figueira, dedicada a São Julião, à qual acabou por regressar em 1591.
Pouco resta da primitiva igreja do séc. XV, então denominada de Igreja Matriz do Apóstolo São Pedro da Vila de Buarcos. Sabe-se também que, entre 1568 e 1569, Diogo Botelho mandou pintar um retábulo para o seu altar-mor, a expensas do Cabido da Sé de Coimbra, mas não se conhece o seu paradeiro.

No início do século XVIII a Igreja ameaçava ruína, pelo que, a 14 de junho de 1708, o Cabido da Sé de Coimbra, representado pelo cónego Pereira de São Paio, assinou um contrato com o mestre de obras Manoel Carvalho, do subúrbio de Celas, para a reparação da Igreja de S. Pedro (e também das igrejas de S. Julião da Figueira e de Tavarede), no qual se refere (Miguel Portela, 2019):
“…conçertar a Capella mor da Igreja de S. Pedro de Buarcos para que fique segura, de toda a ruina que ameaça, guarnecendoa com estuque pela parte de dentro, onde for necessário na pedraria, e cayada por dentro e a face do retabollo da parte de dentro guarnecida de estuque que fique vistosa e concertar o telhado de telha e madeira de tudo o que lhe for necessário e pella parte de fora os remendos que tem a dita Capella serão feitos e remendados de pedra e cal muito bem composta e se obrigava a dar a dita obra acabada athé o fim de cetembro…”.
Mas não pode ser verdade que o terramoto de 1755 tenha destruído a Igreja de S. Pedro, como muitos textos referem, tendo em atenção o que foi escrito em 11 de maio de 1756 pelo então pároco de Buarcos, Joseph de Ceya Curado, em resposta ao inquérito de 11 de fevereiro de 1756 proveniente do Bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação:
“Nesta Freguesia não se arruinou casa alguma e menos edifício algum experimentou ruína maior.”
Poderá ter ficado com alguns danos, porque em 1766 a população iniciou a sua reconstrução, e só foi possível terminá-la, muitos anos depois, com os “acréscimos das sisas de Buarcos e Redondos” concedidos em 1788 por D. Maria I (1734-1816).
O interior da Igreja, de nave única, tem uma capela-mor e uma capela lateral do lado da epístola. O seu riquíssimo recheio, que proveio de várias capelas, é constituído pela tribuna, pelo púlpito, pelos retábulos e pelas pinturas e azulejos do século XVII.
O altar pétreo veio da capela de Santa Cruz dos Redondos (séc. XVI), após a sua demolição em 1911. O altar de talha dourada do batistério, do séc. XVII, é proveniente da capela de Nª. Sr.ª da Nazaré, em Buarcos.


O retábulo-mor quinhentista, representando a lamentação sobre Cristo morto, foi esculpido por João de Ruão (1500-1580), com oficina em Coimbra e um dos mais importantes escultores do séc. XVI. Possui ainda várias peças do séc. XVI que subsistiram ao terramoto de 1755.
Em 1775 a Igreja ameaçava ruína, porque em visita de 15 de novembro se declara o seguinte: “Necessita a Igreja Matriz de se lhe fazer de novo o arco cruzeiro, por estar ameaçando ruína por causa das pedras estarem desfeitas, fazendo-se para este fim todo novo, e mais alto do que está para corresponder ao bom templo da Igreja, quando permitir a abóboda da capela mor, e nesta se reforme uma cimalha, e o retábulo será dourado, e da mesma forma a tribuna, mandando fazer-se para o altar maior uma imagem do Apóstolo São Pedro mais decente do que aquele que tem.” (Livro das visitações da Igreja de S. Pedro da Vila de Buarcos, folha 184 e seguintes).
Supõe-se que a velha imagem de S. Pedro seja a que ainda hoje se vê no frontispício da Igreja, num nicho que fica sobre a sua porta principal.
Em 2001 foi classificada como IM – Imóvel de Interesse Municipal (edital da C.M. F.F. de 15-05-2001). Em 2013 foi classificada como MIP – Monumento de Interesse Público (portaria n.º 277/2013, DR, 2.ª série, n.º 91, de 13-05-2013). É muito bonita e vale a pena vê-la aqui neste vídeo (duração de 5 minutos).