Buarcos foi sede de concelho de 1342 a 1836. A partir de 1836 passou a integrar o município da Figueira da Foz. A Fortaleza de Buarcos fazia parte de um sistema de proteção da enseada existente entre Buarcos e a Figueira da Foz.
A entrada dos barcos invasores era defendida a norte pelo Forte de Buarcos, ao centro pelo Fortim de Palheiros e a sul pelo Forte de Santa Catarina.
Antes da fortaleza de Buarcos, existiram nesta zona torres atalaias e defensivas, pelo menos desde a época de D. Sesnando (séc. XI). Uma delas, conhecida por torre ou Castelo de Redondos, permanece ainda hoje visível num dos pontos mais altos da povoação de Buarcos, restando de pé um cunhal de uma parede de alvenaria de pedra argamassada.
A construção da Fortaleza de Buarcos ter-se-á iniciado, provavelmente, no reinado de D. João I (1385-1433). Em 1411, D. João I doou o senhorio de Buarcos a seu filho D. Pedro, duque de Coimbra, tendo este acrescentado 2 baluartes ao “castelo” de Buarcos e dotando-o de peças de artilharia.
D. Manuel I (1495-1521) terá ampliado a fortaleza contra os ataques dos corsários Ingleses e Holandeses e dos piratas da Barbária, entre outros. Em 1 de novembro de 1522, no reinado de D. João III (1521-1557), Buarcos foi assaltada e saqueada por piratas, existindo referências a obras na sua fortificação.
Em agosto de 1566, no reinado de D. Sebastião (1557-1578), Buarcos foi assaltada e saqueada por corsários ingleses. Em 1595, durante a Dinastia Filipina (1580-1640) o senhorio da vila foi doado a D. Nuno Álvares Pereira de Melo, 3.º conde de Tentúgal.
Em 25 de maio de 1602, na Dinastia Filipina, Buarcos sofreu novo assalto e saque por parte de corsários ingleses, sob o comando de Sir Francis Drake, tendo sido destruídos os arquivos da Câmara Municipal.
Em 29 de junho de 1629, a vila de Buarcos foi atacada por corsários neerlandeses. Em virtude destas ameaças, a fortificação foi reconstruída entre 1570 e 1602.
Em 1642, durante a Guerra da Restauração (1640-1668), Fernão Gomes de Quadros recebeu ordens para edificar “duas plataformas na fortificação de Buarcos” para que lhe fossem acrescentadas peças de artilharia.
Em 1643, D. João IV (1640-1656) determinou que o rendimento real da água dos lugares de Tavarede, Quiaios, Figueira, Alhadas, Maiorca e Montemor passasse para as obras de fortificação de Buarcos até estas acabarem.
D. Pedro II (1683-1706) ordenou que as obras que decorriam na fortificação fossem interrompidas e que os rendimentos que lhe eram destinados fossem desviados para a Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1713).
O terramoto de 1 de novembro de 1755, que destruiu a Igreja Matriz de Buarcos, causou danos na fortaleza e, em 1758, as obras nas muralhas ainda estavam por acabar. Em janeiro de 1789, o mar destruiu parte da muralha, colocando em risco a população.
Em 9 de novembro de 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), o fogo combinado da muralha de Buarcos, do Fortim de Palheiros e do Forte de Santa Catarina, impediu o ataque de uma corveta.
Em 8 de maio de 1834, as tropas liberais, sob o comando do conde de S. Vicente, desembarcaram na enseada de Buarcos. Após o conflito, a muralha foi desguarnecida. O Forte de Buarcos chegou a possuir 700 metros de extensão e 3 baluartes: o Baluarte da Nazaré (norte), o Baluarte do Rosário (centro) e o Baluarte de São Pedro (sul).
A antiga fortificação foi sucessivamente destruída, inclusivamente para a passagem do “americano”, no final do século XIX, subsistindo atualmente apenas um pequeno troço das suas muralhas, entre dois baluartes, paralelo à marginal da praia de Buarcos.
As Muralhas de Buarcos estão classificadas como imóvel de interesse público desde 1961 (Decreto n.º 44 075, DG, I Série, n.º 281, de 5-12-1961).
Bibliografia:
COSTA, Fausto Caniceiro, Monografia de Buarcos, Figueira da Foz, 1995; LARCHER, Jorge, Castelos de Portugal, Coimbra, 1935; ROCHA, António dos Santos, Materiais para a História da Figueira sec. XVII e VIII, Figueira da Foz, 1954; OLIVEIRA, Catarina, IPPAR, 2006; BORGES, José Pedro de Aboim, Figueira da Foz, 1991.