Se há coisa que a cidade da Figueira da Foz tem em grande é a sua praia urbana. Em tempos, o glamour da Praia da Claridade estava mesmo à mão de semear: o mar praticamente chegava junto à grande avenida que atravessa toda a frente costeira, desde o Forte de Santa Catarina até à entrada da vila de Buarcos.
Esta proximidade com o mar aconteceu até aos anos 60/70, quando o homem se decidiu a melhorar as condições de entrada no porto, construindo o primeiro molhe.
Daí para cá, as consequências ficaram à vista: a praia tem vindo a crescer a um ritmo tal, que a caminhada da avenida até à praia se arrasta por uma boa dezena de minutos. Ao que parece, estarão mesmo a chegar novos veículos que ajudarão os mais lentos e idosos a fazer praia na Figueira da Foz.
Mas se o mar ficou (bem) mais distante, o areal tornou-se gigantesco, ganhando não apenas inúmeros apoios de praia em forma de bares ou restaurantes (o exemplo mais bem-sucedido aos dias de hoje é o apropriado Pé na Areia), mas também espaço extra para…
concursos de ideias…
campos desportivos…
balneários…
parques infantis…
insufláveis…
Isto, claro, sem falar em algumas ideias mais ou menos falhadas, como um campo de FootBeachGolf ou um parque de merendas sem árvores. Sim, que nós cá na Figueira da Foz temos muita criatividade (assim haja espaço para tal!) mas também temos o direito de errar.
Uma das intervenções bem-sucedidas no imenso areal da Praia do Relógio, e que se estende até quase a Buarcos, foi a criação de um binómio pedovia/ciclovia bem no meio do areal, a meio caminho entre a avenida e o mar, paralelo à costa, criando um percurso que parte da Praia do Forte / Parque das Gaivotas e chega a Buarcos (ou vice-versa, para quem vem de norte para sul).
Poderíamos descrever o piso em termos técnicos se percebêssemos alguma coisa do assunto, o que não é o caso, pelo que deixamos uma foto bem exemplificativa e acrescentaremos apenas que é adequado a qualquer tipo de calçado e apropriado a todo o tipo de velocípede.
Se o passeio em duas rodas se faz rapidamente em sem muitos reparos, já a caminhada merece algumas considerações.
A pedovia é espaçosa e permite facilmente conversas a pares.
As vistas têm o seu quê de curioso, ora alcançando o imenso areal – entretanto coberto de uma curiosa, rica e cada vez mais apreciada variedade de vegetação -, ora proporcionando uma peculiar observação sobre a cidade. Quem faz o percurso sul-norte ganha um magnífico postal adicional, com o geométrico recorte da vila de Buarcos e a beleza natural da Serra da Boa Viagem como panos de fundo.
Infelizmente, não é de todo possível ver o mar. Estivesse a pedovia num plano mais elevado, e estaríamos na presença de uma caminhada de nível mundial.
Embora esteja aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano, temos uma ou outra sugestão para usufruir em pleno de uma caminhada por esta concorrida pedovia de praia. Evite as horas de ponta… do sol. Fazer o percurso entre as 12 e as 15 horas pode tornar-se doloroso para o corpo. E se quer mesmo saber, atravessar a pedovia nas primeiras horas da manhã traz belas sensações matinais e uma disposição extra para o resto do dia, enquanto fazê-lo ao final da tarde pode acrescentar à expeirência um divinal pôr-do-sol, daqueles em que a Figueira da Foz é pródiga, e que merece ser acompanhado já em pleno calçadão, observando o astro-rei a pousar no mar em modo “câmera lenta e beleza máxima”.
Esteja descansado, que na pedovia não há radares nem caças à multa, nem tão pouco semáforos. É possível fazer o percurso em grandes velocidades, pelo que é normal o cruzamento e ultrapassagem de runners de todos os tamanhos e feitios. Nós cá não somos de muitas correrias, mas fica a ideia para quem pretende usufruir de ritmos mais elevados na mais peculiar pedovia da Figueira da Foz.