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Figueira da Foz: A História de um Nome

Ao longo dos séculos o local da Figueira da Foz foi referido como “figueira na foz de Buarcos”, “figueira próximo de Buarcos”, “figueira na foz do Mondego”, “foz da Figueira”, “porto de Buarcos” e “Figueira da Foz do Mondego” e, só a partir de 1882, se denominou Figueira da Foz.

É de 1339, no entanto, o primeiro documento que menciona o nome da “Figueira”.
Julgamos ser o documento mais antigo que refere o nome da Figueira, descoberto pelo Dr. António Eduardo Simões Baião (1878-1961), Diretor do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de 1908 a 1949.
Refere-se a uma execução por dívidas de Pero Torto e de sua mulher Clara Annes, cujas casas e vinha foram adquiridas por D. Afonso IV por 50 libras portuguesas:

“A el Rey compra dhuumas casas e huuma vinha a par de Sam Juyaão de buarcos no logo que chamam a figueyra na foz de buarcos….” porque as “ditas casas e vinha eram necessárias em aquell logo pera o dito senõr Rey por rrazon do dito porto (da foz de Buarcos)”.


Não foram encontrados outros documentos anteriores a 1339 mencionando a povoação ou a localidade da “Figueira”.
Em 1080, por exemplo, quando o Abade Pedro se estabeleceu em S. Julião, enviado pelo Conde Sesnando, com o objetivo de restaurar as terras devastadas durante a Reconquista, manda-lhe construir casas junto à Igreja de S. Julião e doa-lhe, além da abadia de S. Julião, todas as terras cultas e incultas que ficavam ao oriente, designadas já naqueles tempos pelos nomes de “Casseira, S. Veríssimo (Vila Verde) e Fontela, o que junto com a herdade de Lavos constituía uma grande riqueza”, não se referindo o nome da “Figueira”.

Em 1096 também não se refere o nome da “Figueira”, quando o Abade Pedro faz a doação da Igreja de São Julião ao Cabido da Sé de Coimbra:

“Eu, Pedro, abade, por amor de Santa e Indivídua Trindade, faço à Igreja de Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria da Sé Episcopal de Coimbra, doação da Igreja de S. Julião, que está situada na margem norte do rio Mondego, junto à praia, a qual noutro tempo foi saqueada e destruída pelos Sarracenos”.


Em 1362 D. Pedro I (rei de 1357 a 1367) autoriza o Cabido da Sé de Coimbra a nomear nos seus coutos de Tavarede e lugar da Figueira os funcionários administrativos e tabeliães necessários ao seu bom funcionamento.

Em 1488 o Cabido da Sé de Coimbra efetuou uma escritura de emprazamento a favor de Paay Esteves, “morador em San Guyaão (S. Julião) na figueira de aprés (próximo) de Buarcos”.

Em 1516 os forais de Buarcos e de Montemor-o-Velho não mencionam a “Figueira”, apenas falam da “foz do Mondego” que chama de “Buarcos”, e o foral de Tavarede, igualmente de 1516, também não menciona a “Figueira”.
Mas, em 1540, o nome “Figueira” surge num testamento de António Fernandes de Quadros.

Até final do século XVII a Figueira da Foz tinha menos de 800 habitantes, era um pequeno povoado, um lugar pouco importante, pelo que a sua Alfândega se chamou, durante séculos, “Alfândega de Buarcos”, “Alfândega de Buarcos e Figueira”, “Alfândega de Buarcos da foz do Mondego” e ainda “Alfândega de Tavarede” porque Buarcos pertenceu ao couto de Tavarede.
A grande maioria dos trabalhadores da Alfândega residia em Buarcos, então uma vila importante, com forais de 1342 e de 1516 e sede de concelho de 1342 a 1836.

Em 24 de Novembro de 1696, uma lei obrigou a que todos os empregados da Alfândega fossem residentes na Figueira, o que ocasionou a construção de novas habitações na Figueira.
No início do século XVIII a Figueira tinha ainda pouca importância como se verifica pelo texto do padre Luiz Cardoso, tratando de Buarcos no seu Diccionario Geográfico: “No seu districto fica a alfândega no logar da Figueira da Foz, que se intitula alfândega de Buarcos, distante d’esta villa um quarto de legoa”.

A importância de Buarcos, Redondos e Tavarede vai diminuindo à medida que a importância da Figueira vai aumentado a partir de meados do século XVIII.
No final do século XVIII, a aglutinação de vários casais que se chamavam o Paço, a Abbadia, o Monte, o Valle, as Lamas, e outros, deu origem a uma só povoação, com aproximadamente 2.000 habitantes, a qual, por decreto de 12 de Março de 1771, foi elevada à categoria de vila com o nome de “Figueira da Foz do Mondego”.

No século XIX a vila de “Figueira da Foz do Mondego” cresceu muito rapidamente e, em 20 de Setembro de 1882, com quase 6.000 habitantes, ascendeu à categoria de cidade, “attendendo a ser aquella uma das mais importantes villas do reino pela sua população e riqueza”, com a denominação atual de Figueira da Foz.