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Esplendor na relva do Parque das Abadias da Figueira da Foz

Será para nós um problema encontrar explicações para um tão modesto usufruto por parte dos figueirenses do Parque das Abadias, naquele que é considerado o espaço verde de excelência da cidade.

É certo que o relvado de hoje já não permite as futeboladas que nos idos anos 80 enchiam as Abadias durante o fim-de-semana, e que as novas gerações obtêm maiores prazeres a jogar FIFA na consola. No entanto, a enorme extensão relvada, que atravessa grande parte do coração da Figueira da Foz, desde o Jardim Municipal até à zona da Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho, permite um sem número de atividades e passatempos, apenas limitado pelo alcance da imaginação de cada um.

Não estamos aqui para converter ninguém ao Abadismo, mas é nossa função colocar em palavras as boas experiências sensoriais que os espaços públicos proporcionam aos cidadãos. Entrar nas Abadias, espevitando o ser mais sensível que existe em cada um de nós, entra nessa lista. De caras!

Não há hora certa para ir às Abadias desfrutar da relva (e também não há hora errada, se tivermos o bom senso de evitar coincidir a aventura com condições meteorológicas adversas). Mas há horas melhores que outras. E sem nos querermos afirmar como especialistas em “relvar nas Abadias”, atrevemo-nos a atirar com a seguinte faixa horária:

das 11 da manhã às 4 da tarde, com a devida tolerância, segundo fatores que agora não vamos desbobinar.

De entre o material considerado obrigatório numa incursão ao manto relvado das Abadias, há um que ganha o epíteto de indispensável: toalha/manta de piquenique.

esplendor na relva do parque das abadias figueira da foz

Mesmo que o propósito não seja usufruir de uma refeição, é quase obrigatório o seu uso: torna mais confortável o contacto próximo com a relva e serve ao mesmo tempo como suporte de outra tralha que possamos transportar.

Sem querermos fazer uma dissertação sobre a toalha/manta, a mesma (ou “as mesmas”) deve obedecer a dimensões apropriadas ao número de indivíduos que dela pretendam usufruir (há sempre quem simplesmente apenas prefira rebolar ou sentar o rabo diretamente no relvado) e deixaremos o tecido e o padrão ao critério do leitor. E não sejamos esquisitos: uma toalha de praia serve perfeitamente o propósito da visita ao relvado.

Questão pertinente. Como usufruir do esplendor na relva do Parque das Abadias? As nossas sugestões são várias e não se limitam, claro, ao que aqui listamos.

· Comecemos pelo óbvio e demoremo-nos por aqui alguns parágrafos:
Um piquenique na relva é atividade extremamente apetecível, popular e condenada à satisfação geral, seja almoço ou lanche. Onde há comida, há animação e boa disposição.

Antes do piquenicar propriamente dito fomos até ao Volta e Meia apetrechar-nos dos seus famosos mini-escondidinhos, onde se escondem, com grande categoria, alheira, queijo fresco, cenoura, nozes e outras iguarias várias, dentro de massa fresca.

Porque nem só de massa vive o homem, acompanhámos com uma salada de camarão da Pizzaria Luzzo Figueira da Foz, que o dia puxava por frescuras: mistura de frescos, camarão salteado, molho césar, anchovas, ovo cozido, croutons e bacon crocante.

Não podiam faltar o pão, o sumo e a fruta.

E porque não deixámos nada ao acaso, o almoço teve honras de transporte de luxo. Os cestos da Verde Hortelã não se limitam a apresentar-se como figuras de estética irrepreensível. Cumprem na perfeição o papel para o qual foram pensados.

Perfeitos para um piquenique ou uma ida às compras, estes cestos são decorados pela Verde Hortelã, uma marca figueirense que nasceu em plena pandemia. Para além dos cestos de vários tamanhos e feitios, a Verde Hortelã tem à disposição carteiras, chapéus e outros artigos feitos à mão, utilizando, entre outros, pele vegetal. Para já, encontra esta marca made in Figueira da Foz no Instagram.

Para além da arte de desfrutar de um piquenique, o Parque das Abadias da Figueira da Foz sugere-nos mais uma outra ideia:

· Só ou acompanhado, todo o cenário se proporciona a uma leve ou à mais profunda das leituras.

· Nada obriga a um plano mais apurado. A “amena cavaqueira” resulta muito bem em qualquer local do mundo, e as Abadias não são excepção.

· Há um sem número de jogos que cabem numa simples toalha de piquenique. Talvez os jogos de cartas sejam a sugestão mais óbvia, mas o limite está na criatividade de cada um.

· Haverá local mais romântico para namorar? Talvez, mas o Parque das Abadias caberá certamente na lista!

· Seja ou não um aficionado do desenho, todo o cenário em volta puxa para uma atividade mais ligada ao caderno e ao lápis. E quem diz desenhar, pode dizer escrever. Ou tocar um instrumento musical.

· E já que estamos nas artes, por que não dançar? Ou praticar yoga? Ou, para os mais propensos, que tal meditar? Ou apenas deixar-se estar?

Se pode ser simples e corriqueira a forma de usufruir de uns metros quadrados de relva e um pedaço de pano, que dizer das sensações que daí advêm? Deverá experienciar por si, claro, mas permita-nos um curto spoiler:
Como pode ser agradável e macio o deitar. Como é ternurento ao olhar a imensidão do verde que nos abraça. Como é surpreendentemente prazeroso o contacto do pé descalço com a relva. Como é apaziguador desfrutar do silêncio em redor, apenas quebrado pelo chilrear aleatório da passarada. E assim por diante.

Qualquer que seja o propósito, não faltam espaços ao longo do Parque das Abadias para desfrutar de um saudável contacto com a natureza, que tão bem faz à alma. Seja nas Abadias sul, ou atravessando a Avenida Dr. Joaquim de Carvalho, nas cada vez mais apetecíveis Abadias norte, estamos convencidos que o bem-estar dos residentes da Figueira da Foz e de quem nos visita, passa muito por uma reaproximação a este único e grandioso e espaço verde, que nos foi oferecido nos anos 70 pela magnífica visão dos arquitetos Gonçalo Ribeiro Telles e Alberto Pessoa e do então presidente da autarquia José Coelho Jordão.

AUTOR

PEDROsilva

Pedro Silva

Chegou à Figueira da Foz em liberdade mas ainda de fralda posta. Foi abraçando variados projectos de diferentes áreas, estando neste momento focado no Marketing Digital, em que é recém pós-graduado. Hoje exerce funções digitais na equipa de uma importante unidade hoteleira na Figueira da Foz. É também co-fundador da MeetMunda Inovação e Turismo, empresa-mãe da marca MeetFigueira.