No âmbito do Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência, que hoje se assinala, fomos conversar com uma figueirense de alma e coração, a marcar um percurso de enorme relevância na área da ciência: Sílvia Curado, Investigadora e Diretora de Investigação na New York University.
Crescer na Figueira da Foz
Penso muitas vezes na sorte que tive em ter crescido na Figueira da Foz e na influência que teve em mim. A Figueira e os meus pais ensinaram-me a apreciar as “pequenas mas afinal grandes” coisas da vida – e hoje sou feita dessas coisas, é a minha essência. Essa forma de ver e sentir, trago-a sempre comigo, independente do país onde esteja. Ainda hoje adoro passear pela Figueira – cruzar-me com pessoas que me viram crescer dá-me especial prazer, é como reencontrar pedacinhos de mim a cada vinte passos.
Estudei em várias escolas na Figueira da Foz: no Jardim-Escola João de Deus (com uns degraus que na altura me pareciam enormes!), Escola Preparatória do Viso, na Escola EB 2º e 3º Ciclos Dr. João de Barros, na Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho (com um ano de intervalo na Escola Secundária Bernardino Machado).
Sair da Figueira da Foz
Graças à mente aberta os meus pais, fui desde cedo exposta a experiências internacionais que me deixaram curiosa em relação à possibilidade de combinar o desenvolvimento académico-profissional com o conhecimento imersivo de outras gentes e mundos.
Saí pela primeira vez da Figueira para estudar na Universidade de Coimbra, depois no Instituto de Biotecnologia em Bergen (Noruega), no European Molecular Biology Laboratory (Alemanha), Universidade de Califórnia em São Francisco (EUA) e New York University, em Nova Iorque, onde atualmente trabalho.
Confesso, no entanto, que sinto que nunca saí verdadeiramente da Figueira, e que a Figueira nunca saiu de mim. Continua a ser a minha “casa”, a minha terra e mar, aquela essência de que falava.
O presente
Faço investigação e lidero programas de investigação na New York University, School of Medicine. Para além disso sou presidente da PAPS – uma organização que representa os portugueses pós-graduados na América do Norte, escrevi um livro para o grande público sobre a Genética e implicações do desenvolvimento desta Ciência no nosso futuro, e adoro fotografar, pintar, criar.
A paixão pela ciência
Lembro-me de, aos 15 anos, me ter apercebido, durante uma aula de biologia, que estava apaixonada pelo que sabemos sobre o corpo humano. Hoje fascina-me o que sabemos, o que ainda não sabemos, a aprendizagem contínua e a possibilidade de contribuir para o conhecimento na área da biomedicina.
Uma mensagem a todas as raparigas que sonham em trabalhar nesta área
A inteligência, a curiosidade, o gosto pela descoberta, não têm género. Na Ciência ou em qualquer outra área toda a gente conta e o Mundo está cheio de desafios. Escolhe os teus, abraça-os e impacta o mundo, sem pedir licença, orgulhosa de quem és!